sexta-feira, 17 de junho de 2011

Educação planetária ─ um processo de humanização?

A educação é uma das práticas mais humanas que o homem inventou para tornar mais acessível a vida no planeta e este é um dos processos que o distingue dos demais seres vivos. Mas isso não quer dizer que a educação tenha tornado o homem superior aos animais; muito menos que todos os homens sejam “humanos”, no sentido de serem sensíveis ao sofrimento que paira em vários lugares do mundo.
A Terra está agonizando, entretanto, os seres mais racionais do planeta, preferem acreditar que a possibilidade de vida por aqui jamais terminará.
A educação ambiental é divulgada de forma insuficiente e frequentemente permanece desconectada de assuntos como a violência, por exemplo. Poucas organizações governamentais, não-governamentais e universidades, em todo o mundo, tem patrocinado e se dedicado a estudos que relacionam os elos entre a educação ambiental e a violência. Destaca-se, porém, um trabalho pioneiro do Fundo para a Educação Humanitária na África do Sul; que pretende quebrar os ciclos de crueldades e violências antes que se iniciem.
Algumas poucas sociedades humanitárias do mundo encomendam relatórios sobre as causas relacionadas à violência, na expectativa de tentar minimizar a situação catastrófica do planeta; direcionando o seu trabalho pedagógico, no sentido de conscientizar as autoridades governamentais quanto à gravidade dos casos de violência contra animais. O planejamento do Fundo para a Educação Humanitária na África do Sul é desenvolver uma integração para pesquisar e tratar o problema, sob ângulos diferenciados (proteção de crianças, proteção de animais e ministério público).
No início da década de 80, os doutores Kellert e Felthouse estudaram a relação entre violência contra animais na infância e o comportamento agressivo entre adultos delinqüentes e não delinqüentes. Os dados dessa pesquisa foram obtidos no Kansas e em Connecticut, nos Estados Unidos. Em estudo comparativo entre criminosos e não criminosos, foi constatado que a violência contra animais havia ocorrido com freqüência muito maior entre criminosos agressivos do que entre não criminosos. Os dados que confirmaram a violência doméstica foram comprovadamente mais comuns em situações que envolviam criminosos com histórico de violência contra animais na infância.
Para Ascione, E. R. (1997): “o abuso contra animais não é um fato isolado; ou melhor, acontece dentro de uma rede complexa de relações familiares perturbadas. Por exemplo, a violência contra animais é frequentemente encontrada em lares em que o abuso contra crianças e a violência doméstica também estão presentes. Em uma pesquisa nacional sobre mulheres que procuram abrigo contra a agressão doméstica em casas de apoio, 85% das que possuíam animais de companhia relataram que seus ofensores também os tinham machucado ou ameaçado”.
A organização internacional  WSPA financiou uma pesquisa de Felthouse e Keller (1986), para que prosseguissem investigando a violência contra animais e as suas estreitas relações com crimes contra pessoas.
Infelizmente no Brasil e no mundo, muitas pessoas ainda acham que tratar os animais com o respeito que a lei determina não tem nada a ver com o tema ─ educação ambiental. Elas acreditam que atos de violência contra animais, cometidos por crianças, assim como: chutar um cão, queimar um rato ou roubar a comida de um gato de rua, representam apenas uma brincadeira ou o direito da criança de não gostar daquele animal e na melhor das hipóteses, consideram apenas uma “falha de personalidade”. Essa deficiência na avaliação e na construção de valores, do respeito pelos mais fracos, ajuda a criar um sentimento de desprezo ou negligência no que diz respeito ao sofrimento alheio. A classe dos políticos brasileiros, por exemplo, deve ter tido pais bastante permissivos, que nunca ensinaram aos seus filhos o significado da compaixão pela dor alheia (nem pelas pessoas e nem pelos animais). O dinheiro do povo é visto como um  prêmio para os políticos mais espertos, ou seja, para os que aprenderam com os próprios pais que não precisamos respeitar os outros, principalmente, os mais fracos. Essas crianças aprenderam que é melhor ignorá-los, já que eles jamais nos farão mal; afinal, as pessoas oprimidas e os animais, nunca poderão abalar a onipotência dos políticos que se unem pelo ideal de conseguir conquistar dinheiro suficiente para construir isoladamente a própria felicidade.
Muitos brasileiros falam em poluição do ar (efeito estufa, chuva ácida,etc.), na contaminação química das águas por resíduos industriais e esgotos não tratados; das guerras que a falta de água poderá gerar em todo o mundo; da exploração da Floresta Amazônia e da salvação de suas espécies ameaçadas, talvez até pelo “glamour” que envolve o assunto... É óbvio que temos que discutir esses temas, com demasiada urgência, entretanto, a educação ambiental é algo muito mais abrangente e não pode ser tratada sem estar associada à outros assuntos.
O planeta vive a agonia dos últimos séculos e os humanos continuam sonhando com a felicidade individual...Se fossem só os políticos a sonharem dessa forma, com certeza,  viver no Brasil e em qualquer parte do mundo, seria maravilhoso!
Encerrando, relembro uma frase dita em 1993, durante o Congresso Nacional de Pais e Professores, realizado nos Estados Unidos: “As crianças que são treinadas para estender a justiça, a gentileza e a misericórdia aos animais, tornam-se mais justas, cordiais e atenciosas em suas relações entre si. O treinamento de caráter dos jovens, segundo este entendimento, resultará em homens e mulheres com mais compaixão  ─ cidadãos mais humanitários e mais obedientes à lei, em todos os aspectos”.
 
                             Autoria: Bianca Lobo e Luar
(pedagoga holística, ciberativista pela não-violência mundial/defensora dos animais)

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