FELIPE TAU
TIAGO DANTAS
TIAGO DANTAS
Casos recentes de agressões a animais domésticos têm
provocado grande repercussão na mídia e nas redes sociais.
A indignação com episódios como o espancamento de um
cão da raça yorkshire em Goiânia em dezembro e a morte de
37 gatos e cachorros em São Paulo em janeiro fez crescer o
número de denúncias na polícia e levantou a discussão sobre
o endurecimento da pena para quem comete este tipo de crime.
LEIA TAMBÉM:
As queixas de maus-tratos a animais recebidas pela Polícia Civil
da capital dobraram. Enquanto 2011 teve uma média de 29 casos
por mês, neste ano, até a metade de abril, foram registradas 61
reclamações mensais.
Na internet, a mobilização para pedir a manutenção ou aumento
da pena para quem maltrata animais reuniu, em dois meses,
41.530 pessoas, que assinaram uma petição eletrônica.
Com a discussão sobre a lei, o Jornal da Tarde inicia uma série
de reportagens sobre maus-tratos a animais domésticos, focando
especialmente em cães e gatos, os mais comuns nos lares dos
paulistanos. Os textos serão publicados em dias alternados.
Diariamente, porém, o site do jornal abrirá espaço para
debates e participação dos leitores, que poderão contar
suas histórias de adoção.
Mudança da Lei
O Movimento Crueldade Nunca Mais, responsável pela
O Movimento Crueldade Nunca Mais, responsável pela
petição, deve apresentar hoje no Senado uma proposta
de modificação na Lei de Crimes Ambientais, de 1998.
O grupo pleiteia que a pena para quem maltrata animais seja
ampliada de três meses a um ano de prisão, como é hoje,
para de dois a quatro anos.
O texto, segundo a promotora VâniaTuglio, do Ministério
Público de São Paulo (MP-SP), visa impedir que os maus-tratos
deixem de ser classificados como crimes com a reforma do
Código Penal, cujo anteprojeto será apresentado no dia 25 de
maio por uma comissão de especialistas. “Chegou a nós a
informação de que praticamente a lei viraria infração
administrativa. Isso é muitíssimo preocupante”, diz ela.
Vânia é a responsável pela redação do texto, ao lado do
promotor Carlos Henrique Prestes Camargo. “A ideia é aumentar
a pena para a pessoa ter medo de algo. Hoje ninguém tem medo:
normalmente paga uma cesta básica e pronto”, diz Prestes. Por
ser considerado um crime de menor potencial ofensivo, o
mau-trato quase não dá cadeia, diz ele: se converte em multa
ou prestação de serviços.
Segundo a advogada Vanice Teixeira Orlandi, presidente da União
Internacional Protetora dos Animais (Uipa), mais importante que
mudar a punição a quem maltrata animais é reduzir a morosidade
de Justiça. “Se não mexermos nisso, nada vai mudar”, opina Vanice.
Segundo ela, a Uipa participou da redação da Lei de Crimes
Ambientais, sugerindo a inclusão do artigo sobre maus-tratos a
animais. Com isso, o que era considerado contravenção penal
virou crime. “Na prática foi só uma mudança de nome”, lamenta.
O procurador regional Luiz Carlos Gonçalves, relator da comissão
de reforma do Código Penal, afirma que não verificou a tendência
de tirar dos maus-tratos o status de crime. “Não vejo essa
possibilidade. Acho que se algo mudar, será para aumentar a pena.”
GATA FOI ATINGIDA POR ÁGUA QUENTE
Quando ainda era filhote, há dois anos, a gatinha Alice entrou na
casa de uma família à procura de abrigo ou comida. O dono do
imóvel não gostou da presença do animal e tentou espantá-lo
com uma panela de água quente. As queimaduras atingiram
todas as costas da gata.
Alguém encontrou Alice na rua e a levou para uma clínica
veterinária, onde passou por cirurgia. Depois, sua foto apareceu
a página da ONG Adote um Gatinho. E foi por meio do site que
ela ganhou um lar: Alice foi adotada pela assistente de logística
Carolina Tizano de 34 anos.
“Foi uma maldade o que fizeram com ela. A história da Alice me
comoveu e, como estava procurando uma fêmea para fazer
companhia para a gatinha que eu já tinha, resolvi adotá-la”, diz
Carolina. O autor da agressão não chegou a ser identificado.
“Dá dó. Até hoje ela tem uma cicatriz que pega quase as costas
inteira. Tiveram que retirar um pedaço da pele, que estava
queimada, e costurar as costas”, lembra a assistente de logística.
Mas a cicatriz é, aparentemente, a única lembrança do incidente.
“Somos muito apegadas. Tenho a impressão de que ela sabe que
se não a tivesse tirado da rua, ela teria morrido.
Ela reconhece isso.”
Hoje, Carolina tem outras três gatas e está cuidando,
temporariamente, de outros três animais. “Descobri que amo
os animais muito mais que o ser humano. Bicho não mata
ninguém à toa, não faz maldades. Eles são puros.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário