RosieReprodução/The New York Times
Rosie, uma cadela da raça golden retriever, foi fundamental para que a adolescente enfrentasse o estresse de depor contra o próprio pai
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Rosie, a primeira cadelinha a ser aceita em um tribunal judicial em Nova York (EUA), ocupou o banco das testemunhas com uma menina de 15 anos que iria depor contra o próprio pai, que a engravidou após estuprá-la. Rosie permaneceu sentada aos pés da adolescente durante todo o depoimento. Em momentos particularmente difíceis, a mascote se inclinava para mais perto da jovem, como se estivesse a apoiando.

Quando o julgamento terminou, em junho deste ano, com a condenação do suspeito a 25 anos de prisão, a adolescente "ficou muito grata a Rosie, acima de tudo", disse David A. Crenshaw, um psicólogo que trabalhou com a adolescente, ao jornal The New York Times. "Ela só abraçava Rosie", completou o terapeuta.

Agora, um apelo planejado pelos advogados de defesa coloca Rosie no centro de um debate jurídico para decidir se outros cães poderão entrar em salas de audiência jurídica de Nova York e, possivelmente, de outros Estados norte-americanos.

Rosie, uma golden retriever, é uma cadela-terapeuta especializada em fornecer conforto emocional a pessoas sob muito estresse. Tanto os procuradores quanto os advogados de defesa a descreveram como adorável, embora tenham afirmado que a pet babasse bastante.

O Ministério Público local notou que Rosie faz parte de uma tendência crescente nos julgamentos: no Arizona, no Havaí, em Indiana, em Idaho e em outros Estados dos EUA, nos últimos anos, os tribunais têm permitido a presença de cães treinados para oferecer às crianças e a outras testemunhas vulneráveis consolo diante de júri.

Mas esse novo papel dos cães, apoiar no testemunho, levanta questões jurídicas complicadas, e advogados de defesa podem argumentar dizendo que há a possibilidade de os animais influenciarem os jurados de forma injusta, com sua beleza e sua empatia natural, alega a reportagem do jornal novaiorquino.

O trabalho canino de auxiliar as testemunhas, em alguns dos Estados americanos, teve início em 2003, quando advogados de acusação conseguiram permitir que um cachorro chamado Jeeter (com um focinho em forma de botão) ajudasse num caso de assédio sexual, em Seattle. Na ocasião, a promotora Ellen O'Neill-Stephens se tornou conhecida como ativista pela causa “cachorro-em-côrte”.

- Às vezes, o cão significa a diferença entre uma condenação e uma absolvição.

Já a presença da cadela Rosie foi justificada pelo juiz Stephen L. Greller, de Dutchess County. Segundo ele, a adolescente estava traumatizada, e o réu, Victor Tohom, parecia-lhe ameaçador.

Para autorizar a presença da mascote, Greller citou um caso de 1994, em que um urso de pelúcia foi usado para "acompanhar" uma criança que testemunharia em um julgamento.

Rosie em ação

Segundo a reportagem do The New York Times, pelo menos em uma das vezes em que teria de falar ao júri, a adolescente foi literalmente "empurrada" pela cadela Rosie, que se levantava e parecia cutucar a jovem delicadamente com o focinho.

Mas os defensores públicos David S. Martin e Steven W. Levine - responsáveis pelo réu - levantaram uma série de acusações que, dizem, podem reverter o caso na mais alta côrte de Nova York.

Eles argumentam que, como um cão terapeuta, Rosie responde a pessoas sob estresse, confortando-as. Não importa, alegam, se essa tensão venha de enfrentar um réu culpado ou de mentir sob juramento.

No entanto, os próprios advogados de defesa afirmam ser provável que os jurados concluam que a cadela tenha ajudado a vítima a expor a verdade.

Mais trabalho
Enquanto os advogados de defesa do réu preparam a apelação, Rosie continua ocupada. Nos últimos dias, a cadela acompanhou o preparo de duas garotas, com idades de cinco e onze anos, para testemunhar contra o acusado de esfaquear sua mãe.

Matthew A. Weishaupt, procurador do novo caso, argumentou que Rosie e outros cães como ela não afetam testemunhos sobre crimes horripilantes.

- Esses cachorros aliviam o estresse e o trauma que uma criança enfrenta ao testemunhar.

Fonte: R7