sábado, 10 de dezembro de 2011

Abandono de animais aumenta 70% no fim de ano, diz ONG

Cães são encontrados amarrados em
árvores, doentes e desnutridos

08/12/2011 

A proximidade das férias escolares e a
 possibilidade de festejar o Natal e o Ano
 Novo viajando faz crescer significativamente
 o índice de abandono de animais domésticos 
no país. Segundo a ONG Arca Brasil, cresce
 cerca de 70% o abandono de animais à 
medida em que chega o final do ano - em 
comparação com os meses anteriores.
O número alarmante faz parte da realidade 
de quem cuida durante todo o ano de cães 
deixados por seus donos pelas ruas. Os animais,
 em geral doentes e desnutridos, são acolhidos
 nas casas das chamadas "protetoras", que 
muitas vezes passam por dificuldades, mas 
dividem o que têm para tornar a vida desses 
bichinhos um pouco melhor.
A protetora Telma de Cássia Pereira, 56 anos,
 se dedica a cuidar de cães abandonados há 32 
anos. Hoje em sua casa no Riacho Grande, em 
São Paulo, são mais de 60 animais que foram 
abandonados e recolhidos após denúncias de 
maus-tratos e casos de atropelamento.
 “Muitos foram encontrados amarrados em
 árvores, em portões, ou doentes, desnutridos. 
É uma situação muito triste”, conta.
Telma, que é auxiliar de enfermagem 
aposentada, sobrevive com as doações que
 recebe para cuidar dos seus animais. Aos 
sábados, é possível encontrá-la em frente a 
uma loja de artigos para animais na Avenida
 Ricardo Jafet, em São Paulo, pedindo doações 
que vão de ração a sabão em pó, para ajudar na
 higiene do canil que mantém no quintal.
“Eu não era muito chegada a cachorros até 
que um dia uma cadelinha cheia de pulgas 
apareceu na empresa em que eu trabalhava e
 decidi acolher. Desde então, mudei a minha 
vida para tentar tornar a vida desses bichinhos
 melhor”, diz.
Além de cuidar dos animais, Telma realiza um
 trabalho de castração de animais de rua em
 parceria com a Prefeitura de São Bernardo 
do Campo e alimenta cães abandonados, perto 
de onde mora, que não podem ser acolhidos em 
sua casa. “Eu não tenho mais espaço para 
receber nenhum cachorro. E infelizmente nesta
 época do ano em que o povo quer viajar, muitos
 são abandonados. Como não tenho como acolher,
 saio distribuindo comida sempre que possível.” 
Só entre novembro e dezembro, mais de 50 cães
 foram deixados na região onde Telma mora. Em 
meses ao longo do ano, esse número não costuma
 passar de 20, segundo relata a protetora.
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Solicitações sobre abandono
Neste ano, pela primeira vez, a ONG Arca Brasil
 decidiu quantificar a percepção que já era
 evidente em anos anteriores: o aumento de 
abandono de cães com a proximidade das festas 
de fim de ano. De acordo com levantamento feito
 pela entidade, com base em solicitações recebidas
 por email e por telefone, o abandono de animais
 domésticos cresceu cerca de 70% nos últimos dias
 com relação aos demais meses do ano.
“É um número impressionante. E certamente
 isso se deve à proximidade das férias e das festas 
de fim de ano. É importante frisar que o gesto de 
adotar e conviver com o animal tem que ser um
 compromisso como o que se assume com um
 membro da família. Hoje em dia existem muitos
 hotéis, pet shops e até famílias que recebem 
animais para cuidar durante viagens de famílias, 
então não é necessário abandonar. Além disso,
 o abandono é crime”, afirma Marco Ciampi, 
fundador e presidente da ARCA Brasil.
A ONG recebe denúncias de todo o Brasil,
mas não atua no recolhimento de animais 
abandonados. O trabalho da Arca Brasil é 
voltado à orientação e intermediação em 
caso de relatos de abandono e maus-tratos.
Sem doações
A protetora Clotilde Angelo de Souza, 
65 anos, também dedica grande parte do seu
 tempo ao cuidado de seus mais de 130
 cachorros e 60 gatos recolhidos do abandono. 
Ao contrário de Telma, no entanto, 
Clotilde sustenta os animais com seus próprios
 rendimentos.
"A vida de uma protetora é muito dramática. 
Se eu dependesse de doações, grande parte dos 
meus animais já teria morrido. O maior problema
 que enfrentamos é que as pessoas aparecem com
 um saco de ração para doar, mas deixam em nossa 
porta diversos cachorros. Muitos acham que a doação
 dá direito ao abandono. E com a proximidade do
 fim do ano a situação fica ainda pior", diz a protetora.
Clotilde cuida de seus animais em uma chácara com 
cerca de 3 mil metros quadrados, comprada por ela
 após a venda de uma confecção de cortinas com que
 trabalhava. Além do cuidado dos animais abandonados
 e doentes, a protetora também batalha pela castração 
dos bichinhos.
"É um trabalho intenso, que não se resume ao cuidado
 no dia a dia. Lutamos pela castração desses animais 
e para que eles sejam também adotados. Todos os 
sábados levo meus cães castrados para uma feira 
de adoção, mas as famílias não costumam querer
 pets adultos e a demora para a castração de filhotes 
causa ainda mais problemas", conta.

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